quinta-feira, agosto 24, 2006

SOMBRA
Assusto-me com a sombra negra de mim, hesitante na travessia de regresso ao asfalto!
Teresa David- foto tirada por mim, como a sombra revela!

sexta-feira, agosto 18, 2006



MAR DE GENTE

Sempre me pareceu que as pessoas tinham muito em comum com o Mar. Logo, mantenho uma relação com elas como se de ondas se tratassem.

Umas delicadas e afagantes nas quais me deixo envolver.

Outras bravias, perigosas, que me fazem afastar, e limitar a olhá-las de longe, quando rebentam com estrondo na areia.

Teresa David

domingo, agosto 06, 2006




LIGAÇÃO PERFEITA

Sempre gostei de expor em restaurante por achar que é à mesa que se traçam destinos e ideias. Quem não teve já um jantar romântico, de negócios, de amizade, de início ou de ruptura de afectos? Logo, dever-se-á considerar um local privilegiado para grandes acontecimentos.
Como para mim expor é uma atitude viva, acho que misturar arte com comida e bebida é torná-la mais real.
Daí ter retirado os meus quadros da catacumba negra onde se encontravam e tê-los deixado no Porto, na Rua das Flores, 96 no Restaurante Brazuca, detentor de umas paredes que lhes deram nova cor e vida. Por lá ficarão até finais de Setembro.
Teresa David 06.08.06


INAUGURAÇÃO

Saí do buraco negro deixando para trás a minha festa de imagens, qual corpo inerte em capela mortuária fechada á meia noite.

Evoco os tempos em que se velavam os entes queridos até á Alba.

Como cadaveres os deixei, e agora olho os néons das várias caves de Vinho do Porto, que deslizam e se espelham no Douro.

A noite parada, sem uma aragem sequer, mas também desprovida de calor tórrido, mantêm-me presa a uma esplanada vazia, meramente na companhia de um balão líquido.

Brindo a mim, enquanto me deixo tapar pela noite agradável, onde apenas o som dos carros que de quando em vez passam, quebra o silêncio macio.

Teresa David - 23.07.06

quinta-feira, julho 06, 2006

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REFLECÇÃO POÉTICA, OU NÃO, SOBRE O VALOR DA PALAVRA
É a falar que as pessoas se entendem...ou não!
É com palavras de pedra que nos ferem, sem sangue, os sentimentos
É com palavras de ódio que se excitam os ânimos e as diferenças
O insulto tornou-se uma banalidade, podendo-se ouvir com a maior naturalidade alguém com ar ameno mandar outro para o c... ou f..., como se fosse a coisa mais natural do Mundo.
É chato! Agora para onde mandaremos alguém quando estamos mesmo ofendidos e enraivecidos:
Para as flores?
Para os oceanos?
Para o teatro?
Para o cinema?
E temos as palavras de Amor. Já as esqueci e reneguei. Para quê florear o que o momento nos pode dar no silêncio da atitude?
No brilho dum olhar de desejo é tão mais veemente! Ouve-se sem palavras: Quero-te, quero-te, quero-te
Também existem as palavras mentirosas, que nos podem destruir, e essas, são serpentes que nos picam e deixam veneno que nos paralisa ou mata.
E há o silêncio.
ALIÁS, PALAVRAS LEVA-AS O VENTO!
Teresa David

terça-feira, julho 04, 2006



PRISIONEIRA

Há mais de 20 anos que a vejo a envelhecer, sem que se dê muito por isso, como acontece com toda a gente que vemos todos os dias.

Ela vive na vivenda colada á minha casa, e da minha janela, através do arame farpado, vejo-a estender a roupa, abanar o fogareiro onde assa o peixe, brincar com um garoto que toma conta, falar com as vizinhas.

Ao longo dos anos vi-lhe crescer a filha que se tornou mulher, e que a fez avó.

Mulher esquálida, de voz forte, nunca trabalhou fora de casa, e todo o seu reino se confina ao dentro e fora das portas da sua casa, permanecendo nesse quintal frente a mim, sempre que o clima o permite, ou correndo quintal afora a apanhar a roupa para não se molhar, quando as nuvens tombam em salpicos. Nunca a vi, aquando se senta num banco, ler um livro, não, fica queda a olhar o vazio, talvez a pensar na vida, como se costuma dizer.

Sei que seria incapaz de ter uma vida assim, presa a uma casa, coisa tão claustrofóbica para mim.

Contudo, ela está sempre calma e afável.

Mulher que me relembra os tempos da absoluta e irredutivel submissão ao marido, que pelos vistos ainda não acabaram. Pelo menos aqui, mesmo em frente á minha janela!

Teresa David

domingo, julho 02, 2006



Por muito que me custe admitir descobri que estou completamente em branca de ideias!

Teresa David

terça-feira, junho 27, 2006


TERAPIA DA COR (2)


Mas é no vermelho que me revejo. No escarlate do sangue que com dificuldade me corre nas veias entupidas. Mas também na ajuda da folhagem, que me faz conseguir trepar o muro, e chegar ao cimo e espreitar para o outro lado, não ficando assim confinada, a um Mundo fechado entre quatro paredes. Olhar em volta e procurar a imensidão pois só com uma visão periscópica podemos ir além de nós próprios e estar atentos ao que nos rodeia.

Teresa David

sábado, junho 24, 2006



NAUFRÁGIO

Como é horrivel mergulhar no fundo de uma pessoa á procura dos seus tesouros, e apenas encontrar alguns destroços.

Teresa David

quinta-feira, junho 22, 2006






TERAPIA DA COR

No último mês, como se de uma descoberta se tratasse, comecei a olhar em redor á procura de flores. Não me interessou se eram vivazes, ou envelhecidas, somente as suas cores. Compulsivamente comecei a fotografá-las, por todos os sítios que fui percorrendo.
Ao reflectir sobre isso, cheguei á conclusão que elas estavam a actuar em mim, com efeitos terapêuticos, como se estivesse a fazer um tratamento de cromoterapia!
A cor rosa provocou-me um sorriso e lembrou-me a infância
O Amarelo pareceu-me o reflexo do brilho que cada um de nós possui

O branco será o luto, o repouso deste efémero caminho que trilhamos, com alguns buracos no chão que nos fazem tropeçar


O lilás é água manchada com as nódoas negras dos sentimentos

CONTINUA

terça-feira, junho 13, 2006



A ULTIMA LARANJA

Laranja única, fora de época, isolada entre folhas verdejantes.

Sumarenta, de cor vivaz, todos a temem colher.

Olham-na, esticam a mão, e retiram-na com a rapidez do temor ácido.

Laranja única, á espera do temerário que perceba que o seu sumo ainda é doce, apesar da solidão que a envolve.

Teresa David-foto minha

quinta-feira, junho 01, 2006



JEANNE HÉBUTERNE

Fiz um suicídio dos sentimentos amorosos dentro de mim

por saber que o Amor é fatal.

Há quem ame a vida até ao limite de cedo esgotá-la em vícios que a superlativam, mas a destroíem.

Há quem ame alguém até ao limite de se matar prenha de 9 meses pela perda do homem amado.

Nada disto faz sentido, e contudo, tem o sentido do ultrapassar das regras religiosas e humanas que nos obrigam a viver além da nossa vontade.

Assim, já que temos de morrer impreterívelmente um dia, porque não pelo derradeiro e inultrapassável Amor fatal?

Fiz, como disse antes, um suicídio dos sentimentos amorosos dentro de mim, porque não quis seguir o exemplo das Jeannes deste Mundo, que respeito e admiro, mas apesar de tudo, prefiro não me demitir de mim.

Teresa David

Teresa David-desenho de Jeanne Hébuterne por Modigliani.

segunda-feira, maio 29, 2006



A MINHA NAMORADA

Pedi a Vida em namoro e ela disse que SIM,

fiquei inchada, feliz, mais convicta de mim.

Com o tempo a passar em harmonia total,

pedi-a então para casar, e ela disse que NÃO!

Desanimada fiquei com aquela negação,

e no canto me enfiei para melhor reflecção.

Foi então que compreendi

que a Vida é Liberdade,

não se lhe pode pôr amarras,

seja qual fôr a nossa idade!

Teresa David-foto minha tirada em Amarante

quinta-feira, maio 25, 2006



QUANDO CONSEGUIREI SAIR DESTE BURACO?

TERESA DAVID

segunda-feira, maio 22, 2006



O BEIJO DA ABELHA

Ah! Quem dera eu fosse rosa, que apesar de estar a fanecer, os insectos beijassem!

Me sugassem o pólen,

me trincassem as pétalas.

Então sentir-me-ia realizada, apaziguada.

Enfim, saciada! (aqui suspiro!!!)

Teresa David-foto tirada por mim na Eiralonga em Vilar-Trás-os Montes


Mesmo uma flor que a vida fez murchar pode resplandecer quando "um" sol a envolve!

Teresa David-foto tirada por mim dum arbusto em S. Mamede em Festa



Ao olhar para um canteiro de flores, ocorreu-me como a natureza se mistura sem nenhum preconceito de diferença de cor ou espécie. Que tal se lhe seguissemos o exemplo?
Teresa David-foto minha dum canteiro em S. Mamede em Festa

quarta-feira, maio 10, 2006






CONCÍLIO DAS DORES

Mulher por inteiro em corpo quebrado.

De pêlo na venta contra os moralistas de pacotilha.

Cabeça sempre erguida, com espartilho de sentir e pensar de aço.

Frida, devoradora de frémitos,

Mãe da beleza animal e vegetal,

transformando o obscuro em colorido festejo da Morte.


Frida Oaxaca gestora de si.

"La vaca independente" como se auto-nomeava,

em diário da sua verdade desnuda,

nas imagens molhadas a dores.

Frida resistente bandeira

da pertinácia de se manter em pé.

A ti Feminina/Andrógena, que inundaste o corpo com leite Indío,

presto a homenagem devida,

tendo a dor física também por companheira,

e as lágrimas escondidas atrás da máscara como tu.

Teresa David-quadros de Frida Khalo

terça-feira, maio 09, 2006


NUDEZ PANFLETÁRIA
Nada melhor que a nudez!
Fugir a todas as texturas que nos sufocam, apertam, oprimem.
Nada melhor que a nudez,
sobre uma relva húmida em dia de calor.
Nada melhor que a nudez,
sob um céu estrelado em noite de lua cheia.
Nada melhor que a nudez,
amolecida sobre um sofá a ler um livro, ou ver um filme.
Nada melhor quea nudez,
nas palavras que dizemos e ouvimos.
Nada melhor que uma comunidade,
nua de mentiras e preconceitos.
Dispamo-nos então, e olhemos, não os nossos corpos,
mas sim o pulsar das nossas emoções.
Deixemos que a natureza nos cubra o corpo,
com o calor, a água, o frio,
e que de nós emerga a única veste possível:
A NOSSA VERDADE!
Teresa David- quadro de Matisse

domingo, maio 07, 2006

DIA DA MÃE Olhamos os filhos no berço com a inquietação do desconhecimento do que irá ser o seu futuro.
Mais tarde, hoje, estou só, pensando neles, longe de mim, sem uma palavra ou um gesto de afago, mas a esperança que sejam felizes.
Teresa David 07.05.2006 -quadro de Berthe Morisot