sábado, abril 29, 2006



A SOLIDÃO

Nunca vivi só,

hoje vivo.

Sempre tive medo de ficar só,

hoje não tenho.

Sempre achei que precisamos dos outros

para nos completarmos,

hoje ainda acho.

Não preciso é de viver com ninguém!

Teresa David - quadro de Odilon Redon-Tentação

quinta-feira, abril 27, 2006





EU, PÁSSARO

Sou pombo na cidade a esvoaçar no Chiado,

a pousar no Ardina do Largo da Misericórdia,

a passear no africano Rossio,

a disfigurar os monumentos que não gosto!

Sou gaivota em voo rasante,

flutuo as águas encapeladas,

escondo-me em terra das tempestades.

Sou andorinha a nidificar num beiral de qualquer prédio urbano,

cegonha de grande ninho sobre uma árvore campestre.

Corvo de mau-agoiro para os passantes mal-intencionados da vida.

Pássaro errante sou,

sem raízes que me prendam a nenhuma terra,

querendo voar sempre para onde não estou.

Teresa David-fotos minhas dos pombos de Lisboa

quarta-feira, abril 26, 2006



UMA LETRA FAZ A DIFERENÇA

A mulher senta-se na borda da cama, a coser calmamente a roupa da casa. O homem, deita-se nela, agitado, a cozer a bebedeira!

Teresa David

quadro de Gauguin-Estudo de nu ou Susana cosendo-1880



ESCRAVIDÃO

Há quem seja escravo do trabalho, ou dos vícios, ou de um ideal, ou de preconceitos, ou do prazer, ou dos seus fantasmas, ou das suas paixões.

Mas o melhor mesmo é não o ser de nada!

Teresa David -quadro de Matisse-Homem Nu ou O Escravo,1900

segunda-feira, abril 24, 2006


AS APARÊNCIAS ILUDEM

Olhar um belo campo de ingénuas e belas papoilas, e esquecer que delas advem o ópio, é o mesmo que olhar alguém fisícamente belo, e não nos lembrarmos que também poderá ser uma droga.

Teresa David

quadro de Klimt-Campo de papoilas-1907
OS SUPER-MACHOS
O girassol, como qualquer machão altaneiro, deita o seu plácido olhar superior para as pequenas margaridas.
Teresa David-quadro de Klimt-Jardim com girassóis, 1905
REENCONTRO

Ao perder-me na floresta, tive tempo para finalmente me reencontrar.

Teresa David

Quadro de Klimt - A floresta de faias-1902


EU, SEREIA

Quereria mergulhar nesses cabelos líquidos,

suaves, perfumados,

e deles retornar sereia.


Teresa David

Quadro de Klimt - Espíritos das Águas, 1899

domingo, abril 16, 2006

A velhice não é só o desmoronar do corpo,
mas também o erguer da Sabedoria!

O desejo nunca morre, nem que ele seja pela própria Morte!
Teresa David


Minhas leituras de alguns quadros de Otto Dix, que por várias vezes usei para ilustrar os meus escritos:


É bom brincar com os brinquedos. Nunca com as pessoas!

Teresa David


Uma criança é uma flor

que mais tarde vai murchar!

Teresa David


PUBERDADE

É na puberdade que se constroí o futuro.

Ou nos mantemos frágeis,
ou pegamos a vida pelos cornos,
ou simplesmente nos deixamos extinguir
como lamparina sem petróleo.

Teresa David-quadro de Munch de nome- Puberdade


RESSACANDO

Adormeci o vício,

agora, apenas entreabro os olhos

fugazmente,

entre longas estadias na sobriedade.

Já a realidade não me assusta,

enfrento-a sóbria,

bato o pé ao que renego.

Troquei o alcóol pela água abundante,

e tudo isto só para não reviver

a ressaca do dia seguinte,

megera de cem cabeças,

que se enevoam e agigantam pelas paredes.

Medusas sanguinárias.

Agora embebedo-me de palavras e imagens.

Em paz fiquei,

rejeitando de vez,

o Mundo desfocado que já habitei.

Teresa David-quadro de Munch de nome-O dia seguinte

sábado, abril 15, 2006

Em 2006 publiquei o post abaixo que me valeu, de uma forma agressiva, a expulsão do blog onde colaborava.
Dois anos volvidos fumo muito menos, sem que para tal, tenha tido necessidade de repressão.
Claro que, á distância, o meu texto poderá parecer excessivo, mas quando finalmente os fundamentalistas venceram sobre nós fumadores, mesmo que aspirante, no meu caso, a deixar de o ser, acho bastante pertinente republicar este post, esperando, que desta vez, não seja tão insultada, e mal-entendida pois tenho a noção que é excessivo. No entanto foi feito em oposição a todos os que não entendem que de proibição em proibição, poderemos caminhar para uma qualquer forma de ditadura.

EU FUMO (OU A MINHA DEFESA DOS FUMADORES)

Fumo quando estou alegre,

Fumo quando a partilha de ideias com os outros

me excita os pensamentos,

Fumo quando estou só, me apetece escrever, pintar,

ou meramente fazer os adornos para embelezar quem gosto

Fumo quando estou triste,

para criar uma nuvem que me ensombre as amarguras,

Fumo quando desconversam comigo,

quando sinto que não consigo fazer-me entender pelos outros,

em suma, FUMO, e digo:

Abaixo a ortodoxia dos não fumadores,

que aspiram os fumos de escape,

das hipocrisias, das desigualdades,

sem se queixarem,

que nos querem meter num Guetto, qual malfeitores.

Teresa David-quadro de Otto Dix

quinta-feira, abril 13, 2006

No trabalho ensinei-lhes tudo o que sabia
e acabei subalterna deles!

Teresa David






Como tenho uma cor de olhos mutante sempre me dizeram que eles seriam das mais diversas cores. Cansada disso em 1997 decidi responder de vez a essa questão da seguinte forma:

Os mutantes

Duas azeitonas de Elvas que muita gente quis trincar
Um lago verde na Suiça onde alguém vai mergulhar
Um olhar cinzento-desespero quando preciso de amar
Uma auréola azul para onde quero voar
Um pigmento verde-negro para me poder enlutar.
Uma chispa amarelada do fogo do meu olhar,
é uma fogueira de raiva para quem eu não gostar!

Teresa David



quarta-feira, abril 12, 2006

as ideias são elos de uma enorme cadeia que nos prendem á vida,
como uma âncora segura o navio.
Mais vale perder o sono do que perder o sonho!
Teresa David-foto tirada em Amesterdão

terça-feira, abril 04, 2006



Clique na imagem para conseguir ler convenientemente. Obrigada.
Teresa David

domingo, abril 02, 2006


AS GATAS DA PAZ
Num cerco me rodeiam
felpudas ou não,
agudas no som
ou em lamento mimado
Quando com os dedos
lhes penetro os dorsos
a paz se instala,
derramando-se por todos
os poros do meu corpo.
é então que me transformo
em dolente ser humano
Teresa David

sábado, abril 01, 2006



Os pobres são, geralmente, mais generosos porque não têm nada a perder!

Teresa David