quinta-feira, janeiro 25, 2007



AS COFFEE SHOP

Gosto muito de cafés, pastelarias, cervejarias, restaurantes, em suma, sítios onde se possa comer ou beber, de preferência em qualidade, e sem excessos.

De dia, para dia, sinto em Portugal mais dificuldade em habitar tais sítios sem me sentir completamente desconfortável. Ir para o café beber a bica, e tentar ler um livro é algo quase impossível, pois mesmo que tenha apenas uma ou duas pessoas, elas lançam as suas vozes até aos limites das cordas vocais, por detrás do balcão as chávenas gritam em encontrões entre si, e os empregados vociferam a raiva de serem mal pagos, suponho.

Ainda encontro um que outro restaurante mais calmo, mas se tenho o azar de haver aniversariantes logo a confusão e gritaria começa, ao ritmo dos copos que vão sendo despejados.

É então que recordo as minhas idas á Holanda, onde também se come e bebe, mas ninguém se atreve a altear a voz, pois seria logo olhado ferozmente por alguém, uma vez que o civismo já faz parte do quotidiano daquela gente, sem escolha de classes.

Indo mais longe não resisto a relembrar as coffee shops, que mal se cruza a porta ficamos pedrados pelo cheiro intenso da mistura do haxixe com a marijuana, mas onde se respira silêncio e paz. E questiono-me: Para quê reprimir e ilegalizar seja o que fôr, se numa sociedade civilizada em que existe o respeito uns pelos outros, ninguém por auto-repressão se atreve a incomodar os outros?

Acresce ainda que enquanto as drogas leves tornam as pessoas pacíficas, o alcóol que somos campeões de consumo, torna muita gente briguenta e completamente anti-social,

Não estou a fazer a apologia do consumo, pois apesar do tabaco que é legal ser tão ou mais deletério que as drogas leves para a saúde, para mim a base de tudo é o ânsia de ainda conseguir ver um dia, as pessoas neste País respeitarem as escolhas umas das outras sem agressões ou preconceitos bacocos.

Mas cada vez me parece mais uma utopia!

Teresa David-foto minha de Amesterdão

12 comentários:

david santos disse...

Olá!
Estou totalmente de acordo com tudo o que dizes. Parabéns. Mas para que não penses ter sido só uma passagem, te digo, sou fumador.
Conheço Amestardan e, para continuar a ser-te sincero, conheço alguns desses meandros. Por curiosidade, nada mais.
Mas dou-te toda a minha razão.
Parabéns.

Maria Carvalho disse...

A única vez que estive na Holanda já vão 30 anos! Vivi em Bruxelas e não me lembro desse cheiro. Lembro-me sim das cafetarias lindíssimas, tais como em Paris, um ambiente acolhedor e que nada tem a ver com o pandemónio dalguns sítios por aqui! Beijos.

A. Pinto Correia disse...

temo ter de concordar. perdemos valores. sobretudo o do respeito mútuo..
Beijo

Alexandre disse...

É muito raro ver estudantes a estudarem em cafés ou esplanadas, são logo corridos pelos empregados.

No Porto ainda se vê nos centros comerciais mas a mentalidade no norte é diferente!

Beijinhos!!!!!

Alexandre disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Cusco disse...

Também gosto muito de cafés, pastelarias e cervejarias. Mas o que eu gosto mais é de uma coisa que muito,muito, pouca gente pode disfrutar.
Ir á tasca, á taberna. Aquela taberna antiga onde o taberneiro limpa o tampo do balcão com o pano sujo, onde o povo bebe copos de vinho e de aguardente onde quase bebados cantamos trovas antigas, quadras que se liam nas feiras...
Ai, ai, desculpem estava a divagar!
Vim só deixar um beijinho de fim-semana.

Até breve
SE DEUS QUISER

Marta Vinhais disse...

Há realmente sítios onde não podemos estar - todos a falarem ao mesmo tempo, música muito alta, impossível ler ou conversar...
Aqui há ainda sítios calmos, mas são raros e vistos como raridade..
Até logo
Beijos e abraços
Marta

Tozé Franco disse...

Depois de um refeitório de uma escola estamos prparados para tudo.
Agora a sério, faz-me muita impressão a falta de respeito pelos outros, que se nota por exemplo na maneira como certas pessaso falam, quer nos cafés e restaurantes, quer na rua....

bettips disse...

Como era cordial estudar, encontrar, conversar, ler ... nos cafés. Esta gritaria que pensam ser "liberdade", cada vez nos afasta mais da convivência pacífica. Assim a distância enche-se de barulho e pensam que "isso" é comunicar! Bem te entendo. Bjinho

Vitor Lopes disse...

Tudo é discutível...
A maioria das coisas, tomadas em excesso fazem mal, inclusivé as chamadas drogas leves.

M. disse...

Pois é, Teresa, mas tenhamos esperança de que os pais da geração dos nossos filhos eduquem os nossos netos a apreciarem, também, o silêncio da vida. Tudo isto começa nas crianças. Penso eu.
A Holanda... Como gostava de lá voltar!

GEMINI_XIII disse...

Drogas são tudo substâncias químicas que artificialmente alteram a verdadeira essência humana de cada um, ora para nos dilatar uma imagem de Corajosos que não somos, ora para superar o desconforto da ansiedade que naturalmente não somo capazes de ultrapassar, se por um lado é uma espécie de dopping para eu subir no ranking social com a necessária autoconfiança, por outro procuro em tais substâncias a falsidade de paz e da calma que produzem alheando-me de toda a podridão que me rodeia.
julgo que O ser humano deve estar no meio das duas extremidades mas que de uma forma pouco conforme à sua humanidade procura satisfazer os seus apetites e disposições psicológicas. Essa procura cada vez mais sofisticada, é gerida pelas várias maneiras alternativas e pouco saudáveis de encontrar as sensações que mais lhe convêm para e que mais satisfazem esse objectivo de estar satisfeito mesmo que faltem justificações para tal satisfação. Logo quer seja um cigarro quer seja um café, é sem dúvida uma limitação à liberdade física e psicológica porque impõe ritmos e rituais alheias à actividade humana mais natural que dispensa grande parte desses vícios.
Estou convicto que o mal não provem do seu consumo esporádico mas de todas as intenções egoístas do capitalismo constante que se sustenta dos vícios da humanidade e se aproveita dessas necessidades e falta de Liberdade.