quinta-feira, abril 27, 2006





EU, PÁSSARO

Sou pombo na cidade a esvoaçar no Chiado,

a pousar no Ardina do Largo da Misericórdia,

a passear no africano Rossio,

a disfigurar os monumentos que não gosto!

Sou gaivota em voo rasante,

flutuo as águas encapeladas,

escondo-me em terra das tempestades.

Sou andorinha a nidificar num beiral de qualquer prédio urbano,

cegonha de grande ninho sobre uma árvore campestre.

Corvo de mau-agoiro para os passantes mal-intencionados da vida.

Pássaro errante sou,

sem raízes que me prendam a nenhuma terra,

querendo voar sempre para onde não estou.

Teresa David-fotos minhas dos pombos de Lisboa

6 comentários:

Era uma vez um Girassol disse...

Teresa,venho agradecer a visita ao meu blog e espreitar este cantinho de poesia...Foi o que encontrei!
O poema Escravidão está belíssimo!!!! Que frescura...
Este poema faz-me pensar...
Gostei muito, voltarei para ler com atenção e irei linkar!!
Beijinho

Conceição Paulino disse...

tmb esvoaço pelo mundo, o mundo aminha casa, mas as minhas raízes estão d efacto lá. a seiva k me fez, me moldou e me alimneta mais do k qqoutra é lá k avou buscar. basta uma vez por ano. às vezes nem dá.... Mas volto e sinto a energia k me aguadra e a terra me oferece. Bjs amiga

Unknown disse...

Olha que não é boa altura para querer ser pássaro;) cuidado com a gripe;)
bj

Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! disse...

Achei tanta graça ao teu post... recordaçoes antigas, da Baixa, dos paseios, dos pombos...tudo isto enquadrado no voo das palavras escritas...Ai suspirei.
Que bom trazeres tempos de menina e moça...tempos felizes.
Bom fim de semana amiga

por um fio disse...

Gostei muito da tua forma de ser pássaro...
«... errante... querendo sempre voar para onde não estou.»
Delicioso!
Voa... voa!
Bom fim de semana!

Fata Morgana disse...

Pois, reconheci muito de ti neste poema :)

E andei a ler o que me faltava, sabes que não perdi nada do que aqui já postaste. Gosto muito deste teu sítio!

Beijo