segunda-feira, fevereiro 13, 2006

FILÉ

Quando me senti por um fio
peguei nele e teci-o.
Deslumbrada e com amor
vi surgir uma flor.
E geométricamente avancei
entre quadros tecidos
nessa ânsia invulgar
de ver a arte final
fosse bela ou infernal.
Dos animais aos objectos
do abstracto ao real
do transparente ao opaco
a crescer sem parar
até o fio enredar
De enredada em nós
esqueci tudo em redor
me transformei em aranha
em Penélope espectante
e continuei sem parar
na emoção de tecer
até ao tédio chegar
ou o sono me envolver.

Teresa David/1995 - a renda na foto é uma das muitas que fiz ao longo dos anos

1 comentário:

Jorge Moreira disse...

Olá Teresa David,
Gosto muito de te visitar, no entanto ultimamente tenha andado um pouco afastado... não sei porquê!
Vou tentar corrigir.
Concordo com a tua ideia do poema, aquilo que o autor pensa e aquilo que os outros ao lerem dissecam.
Este teu poema é um pouco disso.
A renda da foto ou a foto da renda está fantástica. Beijinhos e boa semana.