quarta-feira, agosto 19, 2009






MOVIMENTOS

Um corpo, um gesto,
uma anca que rebola,
esquecimento do momento,
reviver sem instante.
Renovar continuando.
estar viva é estar presente
arriscando as agruras.
Teresa David/2009

DESABAFOS

Escrever é esquecer
que existo.

Inventar Mundos melhores, ou não,
conforme a disposição!

Ficar em êxtase por nada,
Não chorar nunca.
Guardar as lágrimas engasgadas.
Deixar o corpo sofrer
pelo que não aconteceu.
Babar-me de espanto
pelo que não quis.
Esperar longamente pelo amanhã.

Teresa David/2009
A QUINTA

Do vulcão saiu a espuma
que me lavou o peito.
Galinhas cacarejam
em torno de mim,
entre o esterco e o céu.
Ali, junto à cerca
os gigantes chamam-me.
Surda, ouço apenas
o movimento das folhas.

Teresa David/2009

MOMENTOS

Cheguei do nada
Cresci no fumo.
Em camas efémeras
me deitei.
Perdi-me na bruma
entre rostos desfocados.
No cárcere me fecharam
esperneando e a gritar.
Da janela voei
até ao encanto
do desconhecido.

Teresa David/2009

NO RESTAURANTE

Uma imagem, uma presença,
um cigarro e um copo.
O barulho dos presentes,
nos azulejos o azul
nas cadeiras os pregos.
No corpo o dolorido
que se esquece de repente.

Teresa David/2009


BAFO

Gostava de ser feita de ar
Envolver os corpos que amo.
Soprar ao ouvido palavras sábias.
Nos telhados pousar,
refrescar os encalorados,
aquecer de bafo quente
os que gelam ao luar.
Teresa David/2009

CORPO

Olhos vítreos manchados de rosa,
Na veste preta sobressai a pele
No sobe e desce dos braços
que se trocam por um beijo ao acaso.

Teresa David/2009
PLANETAS

Na bacia a água verde
que me tinge a cútis
torna-me uma extraterrestre
nos Planetas do Além
onde vou encontrar
finalmente, o meu par.

Teresa David/2009

GARRAFA

No fundo da garrafa
resta o vazio
No corpo o ânimo tinto
Ah quem dera segurar as esferas
que me fazem girar até ao âmago.
Nele permanecer cheia de esperança
de que a eternidade existe.
Teresa David/2009
TOQUE
Na pele a etnia
Nos pés o sopro
cabelos que voam
sem vento
mãos que se entrelaçam
roçar de calos viscosos
do trabalho que se inventou

Teresa David/2009


15 comentários:

Paula Raposo disse...

De repente tem de saltar cá para fora o que nos enche a alma! Isso, sem dúvida. Gostei de te rev(l)er. Beijos.

Anónimo disse...

Olá tem aqui um blog mt giro cheio de emoção grande animçao e subertudo intressante!
Continuação de uma bela semana e deste blog espectacular.

bettips disse...

Isto é que foi um e vários fôlegos! Gosto da Quinta e do Bafo, dizem bem de ti, como sentes... Força para a dança! Bjinhos

Justine disse...

De todos os teus poemas-desabafos elejo o primeiro, homenagem ao corpo e à libertação, à entrega.
Que bom sentir-te bem:))

Conceição Paulino disse...

isto é k foi um fôlego, menina.... estou a gostar desta tua nova "voz".
bjs
luz e paz em teu caminhar

Conceição Paulino disse...

isto é k foi um fôlego, menina.... estou a gostar desta tua nova "voz".
bjs
luz e paz em teu caminhar

MJ disse...

Boa noite, Teresinha

Os poemas... lindos como sempre...
As fotos... bem... carregadas de sensualidade.:-) Estás linda!

Beijo grande*

Miká disse...

Fotos carregadas de movimento e vida! :)
Gostei especialmente do poema Bafo.
Espero ver mais fotos cheias de vida e diversão neste blogue :)

Miká

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Teresa, belas fotos...Belos poemas...Espectacular....
Beijos

Tozé Franco disse...

Olá Teresa.
É sempre uma surpresa visitar este blogue. Gostei das fotos e dos poemas.
Um abraço.

ASPÁSIA disse...

OLÁ AMIGA

A ALMA PESADA DE VERSOS E FIZESTE-OS VOAR EM REVOADA DE FORÇA E ORIGINALIDADE COMO TE É CARACTERÍSTICO.

NA DANÇA DAS PALAVRAS ESPELHAS ESTA DANÇA DA VIDA, NOS SEUS VÁRIOS ANDAMENTOS - DESDE "ALLEGRO CON FUOCO" A "MODERATO CANTABILE"...

BEIJINHOS

Luis Eme disse...

é de poeta...

bjs Teresa

jorge vicente disse...

ah que grande alegria de viver, amiga, e que grande Poesia é a tua!!!!!

abraços imensos
jorge

DE-PROPOSITO disse...

Hum !... Tantos poemas. é melhor não dizer nada.
---------
Que a felicidade ande por aí.
Fica bem.
Manuel

Maria disse...

Bom dia, Teresa!
Ah, que ventura achar os teus poemas mal começo a sentir consiência do novo dia!
Será decerto um dia bom: começa com a minha alma iluminada pela intensa luz que espalhas aos quatro ventos, que me toca e refresca enquanto o orvalho se vai desvanecendo.

Beijinhos,
Maria