terça-feira, janeiro 24, 2006



Em 1994 escrevi estas quadras, ao jeito do Tolentino, a brincar com quem vive mais através das novelas do que a sua própria vida. Infelizmente hoje ainda estão mais actuais do que nessa época, pelo que aí vão:

A DEVORADORA DE NOVELAS

Lá está ela, lá está ela

Em frente ao televisor

romoendo a sua raiva

mastigando o seu rancor.

Rancor contra a personagem

Que naquela história roubou

O marido da mulher

Que entretanto se suicidou!

- Olhem-me só para isto!

É tal e qual a realidade!

Aquela pobre mulher

Até tinha a minha idade!

- O que queres? Já lá vou!

Grita então para o marido

Vens agora interromper

quando o homem foi ferido!

- Pronto! Está tudo estragado!

Já fiquei sem saber

Se o pobre do coitado

também ele vai morrer!

Teresa David

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