sábado, janeiro 10, 2009



O MARAJÁ

Na cabeça, o cabelo como cabeleira empoada da corte de Luís XIV. Os olhos, bichos de conta, a olharem-nos sempre com simpatia, mas também, com um brilho arguto. A tez escurecida pela origem goesa.
Falo do Orlando Costa escritor que conheci uns vinte e tal anos atrás na sua meia-idade teria cinquenta anos. Apesar de não ser muito conhecida a sua obra já lera um livro dele chamado Podem chamar-me Eurídice que me lembro ter gostado bastante.
Era devotado á sua cor política, o PCP, apesar de ser originário de família nobre e abastada, daí os amigos com amizade, mas convenhamos, também com algum sarcasmo lhe chamarem O Marajá, indo todas as 4as feiras religiosamente ás reuniões do núcleo de intelectuais a que pertencia. Chegava sempre com aquele sorriso afável que o caracterizava porque aproveitava esse dia para poder escapar ao jugo matrimonial e, ir até ao Ribadouro com os seus correligionários comer e beber. Manter-se-ia fiel ao Partido até á sua morte, poucos anos atrás.
Nos anos 50 esteve 3 vezes preso por apoiar a candidatura de Norton de Matos, mas também por militar a favor da paz.
Nunca fui a uma manifestação do 1º de Maio ou 25 de Abril que não me cruzasse com ele cumprindo o seu ritual partidário.
Não falava muito, porque a sua boca se encontrava ocupada a maior parte do tempo por um cachimbo de boa madeira que mordiscava e aspirava o fumo de quando em volta, mas quando o fazia era sempre para dizer algo que nos calava para o ouvir, ou para apaziguar algum animo mais exaltado.
A sua personalidade transbordava na escrita sempre social mas também onírica, onde o respeito e a admiração pelo feminino eram sempre visíveis.
Gostava de ouvi-lo, do seu sorriso rasgado, da sua afabilidade, nunca o vi em estado de embriaguez nem a fazer desacatos.
Recordá-lo-ei sempre em particular, quando veio ao funeral do meu companheiro e, como era sempre costume de cada vez que nos juntávamos para ir assistir ao enterro de algum amigo nosso, organizou o almoço de despedida em homenagem ao falecido.
Depois disso apenas o vi 2 ou 3 vezes no Rossio em concentrações em defesa do final da Guerra do Iraque.
Ah! E já agora, para quem não saiba, era o pai do ex-ministro e actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa e do jornalista Ricardo Costa da SIC.

Teresa David-foto retirada da net

quinta-feira, janeiro 01, 2009


O MEU BLOG FAZ HOJE 3 ANOS. AQUI SAUDO TODOS QUE ME TÊM LIDO E ACARINHADO AO LONGO DESTE TEMPO, E JÁ AGORA REITERO OS VOTOS DE UM NOVO ANO O MELHOR POSSIVEL, APESAR DA CRISE.
TERESA DAVID-foto que tirei em Veneza