quarta-feira, julho 11, 2007








VENEZA I


Horizonte enegrecido pelo pôr do dia.


Nas estradas do mar escolhem-se os caminhos.


Rota emergente ou mais sólida.


Horizonte enegrecido pelo pôr do dia.


Derradeira visita a Veneza escurecida pela noite, onde apenas umas fugazes luzes nos impedem de estar numa cidade cega.












VENEZA II





Veneza emerge das águas com as máscaras de ouro sobre a cara.


Nos canais as gôndolas afundam sob o peso do dinheiro dos forasteiros.


Quando a água transborda, traz com ela sereias aladas que nos arrepiam de frio.


Resta protegermo-nos com as asas quentes dos pombos que nos tapam completamente sob o chamariz do milho.


Teresa David- fotos e aguarelas minhas

















domingo, julho 08, 2007











A PISCINA E O MAR

O primeiro contacto líquido que tive em Veneza, foi na piscina Olímpica da Marina de Venezia. A excitação de estar num novo espaço, fez-me ir de imediato testar a água, que estava gélida. Mas com a vontade que tinha de dar umas braçadas, ganhei coragem e superei o frio, sujeitando-me mesmo ás vibrantes massagens dos jactos de água que ladeavam uma parte da piscina .

Seguiram-se dois dias de céu encoberto e chuva, assim como, temperaturas pouco apraziveis.

Olhei apenas a praia á distância, fotografei-a no seu cinzento humído e retornei para sítio mais resguardado.
Com o regresso do Sol e calor, resolvi, medrosamente, ir experimentar a temperatura da água adriática, que envolve todo aquele recinto de veraneio. Deparei-me com uma tipidez de 26º que em tudo me fez recordar outras férias, também memoráveis, passadas em Cuba.
Sem ondas, como tanto gosto, permitiu-me nadar por tempo indeterminado, conversar dentro de água e por pouco até daria para fazer uma sesta a boiar!
Deixei que as minhas tensões acumuladas ao longo do ano se enterrassem no fundo do mar.
Desisti de vez da piscina, salvo para levar as massagens nas costas, e todos os dias fazia a caminhada até ao Mar, deixando primeiro lugar marcado numa chaise longue, que sempre é mais confortável, para me ir aninhar na placenta do Mundo.
Teresa David















terça-feira, julho 03, 2007















AS ANDORINHAS


Acabei com um torcicolo á conta delas, do qual nunca me queixarei!


Começaram por ser pontos finais dentro de um ninho, bem construído, no cume do tecto do acesso aos balneários.


Ávida de captar a imagem da mãe ou pai alimentando-as, permaneci quase uma hora de nariz e olhos apontados para o alto.


A minha paciência foi recompensada, quando num veloz voo, um dos progenitores surgiu e em escassos segundos regorgitou o alimento na escancarada boca de uma das filhotas.


Dei, então, a minha tarefa como cumprida!


No entanto, até ao ninho tombar, desfazer-se e os novos seres migrarem para outras paragens, fui assistindo ao seu desenvolvimento, bem como, ao aparecer de mais uma pequena cabeça que piava mais estrondosamente que todas as outras juntas!





Teresa David-fotos minhas tiradas á pressão na rapidez do momento único

















domingo, julho 01, 2007




LARANJAS DE SANGUE


Nunca vi em Portugal estas laranjas que antes de cortadas são rigorosamente iguais ás demais, mas quando as abrimos surgem num esplendor sanguinolento. Seu paladar é idêntico, embora a textura do sumo mais grossa.

Impressionaram-me de tal forma que acabei por escrever umas frases poéticas para as ilustrar, que a seguir partilho convosco:


Vampira não sou


Sem dentes sorvo o suco,


onde deixo a marca das mágoas que engoli


e regorgitei, em sangue coalhado


além disso acabei também por pintar uma natureza morta com insecto e laranjas de sangue que também aqui vos mostro.


Teresa David-fotos e aguarela minhas