quarta-feira, dezembro 17, 2008

SERÁ QUE MAIS ALGUMA VEZ UM HOMEM DE 100 ANOS ME BEIJARÁ?

Ontem dia 16, estava eu na minha vida caseira calma e eficiente, que misturo com alguma escrita, filmes e livros, para não me transformar numa marioneta doméstica, quando o telefone tocou e o amigo Evónio me desafiou para ir ao lançamento dum livro com uma entrevista feita pelo Luís Machado ao Mestre Manoel de Oliveira.
Hesitei, ainda temendo que uma saída nocturna com o frio que se faz sentir viesse minar a minha frágil saúde mas não resisti e fui.
A parte da apresentação foi feita pelo escritor José Manuel Mendes, o autor Luís Machado e um retardatário cujo nome se me varreu da memória mas recordo que estava ligado á cinemateca. Infelizmente apesar de me ter deslocado do fundo da sala, a cerimónia estava a acontecer no Martinho da Arcada, para um lugar na frente, não consegui ouvir patavina pelo que decidi ir fotografando apontamentos ligados ao Fernando Pessoa! Lá fora ia de vez em quando quem fumava e acabei por ir também, pois a frustração de assistir a uma conversa que me fazia sentir surda que nem uma porta era demais. Aproveitei e fotografei uma caricatura giríssima feita pelo amigo H. Mourato que também se encontrava no evento que está pendurada á porta do restaurante. H. Mourato, José Correia Tavares Vice presidente da APE e eu


Calaram-se os oradores e estive á conversa com o José Correia Tavares que conheço há muitos anos do tempo em que o meu falecido ainda pertencia ao mundo dos vivos. Recordou-me algumas histórias curiosas vividas em comum com ele.
Quando acabou o lançamento viemos todos para a rua onde tinha sido colocado o beberete. Entre o croquete e água, no meu caso, Martinis e Vinho do Porto no geral, foram chegando os mais colunáveis como o Carlos do Carmo e mulher, o Prof. Veiga Simão o ex-Ministro Laborinho Lúcio e mais alguns, entre eles, finalmente o Manoel de Oliveira também acompanhado da sua mulher, pequenina de estatura mas certamente grande no Ser, para ter sido companheira do Mestre tantos anos da sua vida.
Foi então que se deu o que não esperava. O Manuel de Oliveira olhou para mim baixou-se e deu-me dois valentes chouchos apesar de não me conhecer de lado nenhum. Não tenho imagem desse acontecimento impar para mim, mas ilustro o acontecido com uma foto logo após, onde estou a limpar os óculos que ficaram embaciados pelo calor que me subiu á face, provando que a timidez ainda faz parte do meu existir.
Sou a de chapéu no canto direito, Manuel de Oliveira está de costas a falar com a Rosa Mota e também de costas vê-se a sua mulher

Após esta troca de cumprimentos, todos entraram para a “janta” menos nós, um grupinho de quatro que se constituía pelo Evónio, o escritor Vasco Santos e filha e eu, que jantámos mais calmamente na outra parte do Martinho. O Mourato ainda chegou antes de partirmos vindo do lado dos VIP onde abasteceu a barriga. Seguiram os quatro num táxi. Pelo meu lado fui digerindo o óptimo jantar numa caminhada até aos barcos do Cais do Sodré.
Vasco Santos, sua filha e eu

Joaquim Evónio de Vasconcelos

TERESA DAVID

sábado, dezembro 13, 2008

AZUL

Foto azulada tirada por mim em Veneza

Dizem que fico azul quando alguém morre que eu muito amava.
Não choro, nem grito e muito menos arrepelo os cabelos.
Fico azul e pronto!
O azul também me invade a cabeça quando vejo em redor a arrogância, estupidez ou mentira.
Preciso de calor senão o frio transforma as minhas carnes numa amálgama azul.
Tenho uma tristeza azul que se reflecte em lágrimas verdes de raiva e vermelhas de sangue de revolta.
Mas também é possível verem-me azul de alegria do reflexo das águas marítimas nos momentos em que nelas me deixo envolver.

Teresa David 20 Abr 08