quinta-feira, novembro 29, 2007


PASEO DE LOS TRISTES EM GRANADA


Quando se volta ao cabo de muito tempo a um mesmo sítio que mexeu com as nossas emoções, neste caso estéticas, por vezes gera-se um sentimento de desilução. Não desta vez em que passear de novo no Paseo de los tristes, me reactivou a sensação de bem estar já vivida.
A muralha guarnecida de vegetação que subia até faustosos palácios,

o pequeno riacho translúcido, albergue nas suas margens, de gatos que se apinham sobre pequenas rochas. Á esquerda o desenrolar de arquitectura mediaval ou renascentista, bem cuidada como todo o património em Espanha.



Para descanso das caminhadas escolho sempre uma esplanada num sítio embelezado pela natureza ou construções com a pátina dos tempos.

Daí ter repousado as fatigadas pernas cercada pelos diversos encantos do local, que, voltei a mirar no regresso a casa.
Teresa David-fotos tiradas por mim

quinta-feira, novembro 22, 2007

ALHAMBRA

Tinha 3 anos quando uma das minhas tias me trouxe de Granada a Paquita, boneca feita de pasta de papel, mas exactamente do meu tamanho, que se transformou na cúmplice das minhas sedentas curiosidades. Esventrei-a completamente, em improvisada e solitária aula de anatomia. Retirei-lhe a longa cabeleira negra, estudei o elaborado pestanejar, acabando por lhe arrancar os olhos, para, com mais rigor, perceber o seu mecanismo. Como facilmente se poderá perceber acabou num mono assustador que fez fugir a sete pés o filho da porteira do meu prédio, um dia que decidi mostrá-la, como troféu das minhas experiências.
Contudo, o que realmente me foi oferecido pela minha tia, após ouvi-la narrar a viagem, que mais me deslubrou, foram os postais dos palácios e seus jardins, que fixei se chamaram La Alhambra.
Tal nome colou-se-me á memória, bem como a enorme vontade de penetrar no cenário dos contos das mil e uma noites que meu pai, na altura, me contava.
No entanto, só em 1997 o meu sonho tomou forma, quando, com o corpo mais ágil e escorreito do que hoje, subi uma enorme escadaria e alcancei a realidade dos meus sonhos infantis.
Agora, decorridos dez exactos anos, voltei ao Alhambra. Desta feita de autocarro. Ao avistar, ao longe, as escadas que anteriormente tinha galgado, um ligeiro arrepio me percorreu, perante o sentimento de impotência de poder voltar a fazê-lo.
De novo o bordado da pedra me encantou. Os jardins permanentemente em manutenção também.

Somente o excesso de visitantes que inundam sempre aquele espaço me destruíu a possibilidade de visualizar, na minha imaginação, algum sheik acompanhado pela Sherezade afundada em cochins a contar-lhe histórias, ou ondulando umas bem deliniadas ancas, ao som de exótica música árabe.
Teresa David-fotos tiradas por mim








sexta-feira, novembro 16, 2007

MAIS GUINCHO SELVAGEM

Árvore com paisagem


A decrepitude de algumas caravanas abandonadasque se tornam o lar dos inúmeros gatos que habitam o parque
Mais arquitectura de troncos de árvores envelhecidas


A arquitectura natural das pedras com adereços ou não


Teresa David-fotos tiradas por mim








domingo, novembro 11, 2007

A ARQUITECTURA DA NATUREZA


Esta semana para aproveitar estas belos dias ensolarados, aceitei de bom grado o convite dos meus amigos com quem estive na Itália, que, agora, estão no Parque de Campismo do Guincho, para ir até lá. Conseguiram um espaço mesmo em frente ás dunas e mar,

que proporciona uma paisagem daquelas que costumo dizer lavarem os olhos e a alma, onde me quedei algum tempo a manter o aspecto colorido, pelos seis meses de idas á praia que fiz este ano.

Como eles raramente prescindem de umas duas horitas de sesta aproveitei para fazer uma caminhada ao redor de todo o parque que é bastante vasto e repleto de árvores de formas caprichosas que me deliciei a fotografar. Aqui vos deixo o testemunho disso.













Teresa David-fotos por mim tiradas














terça-feira, novembro 06, 2007


AINDA O TABLAO



Para não dizerem que sou egoísta fiquem com este cheirinho de Sevilhanas bem dançadas.





Teresa David-foto tirada por mim em 1997 em Sacromonte (Granada)

domingo, novembro 04, 2007

TABLAO

Em Albaycin deu-se a magia. Em redor do pequeno tablao, apinhavam-se, em cadeiras rústicas, pessoas de todo o Mundo.

Quatro boas dançarinas, com o salero estampado nas faces, batiam palmas,
enquanto um homem aciganado fazia soltar os sons guturais tão característicos do cante.
Um rapaz bastante jovem, de pele anormalmente alva, nada comum num bailarino de flamenco, invadiu o palco. Na cara a expressão concentrada de quem sente o que está a fazer. Os pés moviam-se em ritmo de tempestade, as mãos empranchavam-se percorrendo o céu e a terra.
Quando ele se retirou com uma cascata a descer corpo abaixo, chegou a vez de cada uma das intérpretes se exibir. Todas tão diferentes que não resisto a catalogá-las.


A primeira: a elegância


A segunda: A beleza

A terceira: a garra

A quarta: A resistência


O apogeu do espectáculo deu-se com um casamento cigano, onde se juntaram a beleza feminina com a masculinidade branca do rapaz, único dançarino do grupo.

Como balanço direi que não foi o melhor espectáculo de Flamenco que vi, mas, como sempre, conseguiu ter a forma do som, do corpo, da voz, suficientes para me encher os sentidos de prazer renovado.


Teresa David-fotos por mim tiradas